Morri por tudo que eu mais amava,
Com os restos que sobraram
De um passado quase esquecido
Construí meu próprio castelo,
Uma alcácer divinamente sombria e misteriosa,
No alto da montanha, no ermo da solidão do mundo,
Inerme contra as batalhas e as guerras travadas,
Sou escravo do meu próprio egoísmo,
Refugio-me no calabouço, preso pela solidão,
Aterrorizo-me com os gritos procedentes do torre,
Mas a torre está deserta, inóspita e inacessível,
Não há princesa ou rainha na torre desse castelo,
Os gritos que ouço é o eco da minha melancólica infelicidade,
Essa é uma terra sem rei, sem lei, sem povo e sem religião,
A crença do amor resistiu a muitas atribulações,
Mas os Deuses do Amor suicidaram-se,
Atiraram ódio contra o próprio peito
E deixaram-nos a sós com a tristeza,
Vago sem rumo, envenenado pelo meu próprio orgulho,
Nos machucamos tanto por quase nada,
Sinto o vento rebentar-se contra o castelo
Espalhando-me pelo ar, disperso-me
E volto a ser nada........
Joao Paulo Castro
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