segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O Dom da Arte

Pisei humildemente as terras da literatura,
Busquei sensibilidade na natureza de cada simples gesto,
Respirei o ar encantado e sublime da exaltação do espírito sonhador,
Olhei piedosamente a obscura face da lua,

Caminhei até o abismo, o completo vazio da solidão dos meus sentimentos,
Clamei pelo meu amor e ouvi apenas o eco das minhas lamentações,
Construí um barco com palavras de sentidos e sons diferentes,
Fiz a vela com o romantismo e imaginação pros ventos me guiarem,

Naveguei no ermo oceano místico e poético rumo ao sol da minha inspiração,
Pesquei versos, alimentei-me de rimas cruas e intensas,
Aportei as margens do âmago do subconsciente no ventre da poesia,
Encontrei minha plangente alma desfalecida sangrando a consagração do amor,

Reguei meus sonhos com o enternecimento das lágrimas do sofrimento,
Cultivei o dom da arte e cresceram letras em meu jardim,
Colhi cada vão verso divagado pela aridez fastidiosa da razão,
Escrevi na porta dos arrependimentos todos os meus pecados,

Procurei amor e me perdi no melancólico tédio da solidão,
Invenenei meu inebriante espírito com ilusões vazias,
Parto transcedendo a infinutude do sagrado e do profano,
Sacrifiquei meu ser por gratidão as abençoadas dádivas de DEUS ...

João Paulo Castro

Peso de papel

Vai papel, voe pra longe,
Pra onde mãos humanas não possam macular-te,
Fuja, esgueire-te entre a porta que abro-lhe,
Se preciso abrirei a janela pro vento levar-te,
Mas não insista papel
Em colher em tinta toda a minha dor,
Voe, pra que o meu pensar não lhe atinja,
Se o meu escrever punge-lhe em tristezas
Que fazem de mim um ermo álgido,
E que pousa e adormece em tua alva face,
Na qual declaro e em ti derramo a vida,
Que do amor provém e que a vida destrói,
E o que seríamos sem o amor, tão fugaz
Quanto esta eterna vida, tão exato
Quanto a ignota morte que em ti sepulto,
Mas não se culpe papel pelo meu sofrer,
Se é veemente a solidão que planto em ti
É por que zelo-te e conforto-me em teu seio,
Procuro-te com a intenção de dar-te formas,
Pra saciar a saudade dos amores que nunca vivi,
Teu olhar consola e tua companhia vicia,
E quando banho-te em lágrimas
É por que divido contigo os clamores da alma,
Da minha doce e pobre alma, talvez sorumbática
Mas nunca inebriada em desprezo e ódio,
Solitária, mas nunca amargurada em rancor,
Não me privas de ter liberdade
E não me libertas da privação,
E mormente em ti encontro eu mais amor ... ?

João Paulo Castro

Joao Paulo Castro

Minha foto
Escrevi na porta dos arrependimentos todos os meus pecados.........