segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Julho

Respirar-te, sentir teu encanto pairando no ar, tal qual anjos
Iluminados, emanando uma sutil névoa resplandecente, como em sonhos,
Cego-me ao te ver, por parecer tão irreal tua imagem fixa no infindo horizonte,
Admirar-te, alhar tua singela face e esquecer do tempo e da noção de existir,

Amo-te acima de tudo, e por quase não caber em mim tão grande amor
Padeço em tuas tristezas e eternizo-me nas alegrias,
Amo-te, esse amor de mortal, que seja intenso enquanto exista
E inesquecível enquanto houver vida,

Nada tem importância nessa vil realidade, nem a maligna ambição de possuir tudo,
Nem a maldição de não ter nada, ter ou não ter seria inútil e reles,
Se na verdade vaguei aturdida a tua procura minha alma,
E meus alvoraçados sentidos clamam por ti,

Encontrar-te e tornar a respirar os mesmos ares em que outrora naveguei,
Purificando assim o espírito inumado em tristezas e mágoas,
E a vejo como a aurora mais explêndida, inefavelmente radiante,
Derramando luz no obscuro deserto da minha alma ...

João Paulo Castro
( Interessante como essas poesias escritas em algum momento do passado soam com estranheza e deslocadas do meu presente, mas é preciso estar em constante mudança, a verdadeira revolução só é possível dentro de cada um, sejamos o que desejamos encontrar nos outros .... ) 

O Sol dos Meus Dias

Nas horas escassas do meu dia
O sol se mostra tenro e fugaz
E ás vezes pálido e mórbido,
Ou se escondendo entre as aladas nuvens,

Todos os dias contemplo o nascer do sol,
E sinto sob uma nova luz renascer a esperança,
E todos os dias um pouco de mim
Se esvai quando o sol se põe.

Quando a luz se mostra fenecida
O escuro se debruça aos olhos,
O bálsamo escorre da alma pungida
Entre o tortuoso e brando rio sem leito,

E resta tão somente a espera de uma nova aurora
E com ela a luz de um novo dia
Dentre tantas noites negras dominadas pelas sombras
Dissipadas pelos raios de sol que surgem em meu horizonte ...

João Paulo Castro ( uma antiga poesia )

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Por que?

Quanto mais desejei pisar em terra firme
Maior era a caminhada sobre vidros quebrados,
Quanto mais rosas oferecia
Maior era a coroa de espinhos que me concediam,
Quanto mais repulsa tinha por sentimentos medíocres
Maior era a convivência com meu próprio inimigo,
Quanto mais clamava por verdade e justiça
Mais amargo era o veneno nas taças que me ofereciam,
Quanto maior era o esforço pra levantar
Mais forte era o golpe recebido,
Quanto mais procurava exaltar as virtudes
Maior era a bandeja em que o escárnio me era servido,
Quanto mais lealdade derramava por alheios
Mais desalmada era a punhalada,
Quanto mais me lançava em busca da perfeição
Com mais fúria as pedras eram contra mim arremessadas,
Quando mais alto erguia as bandeiras brancas
Mais espadas contra mim se levantavam,
Por que ?
Que meu sorriso sempre têm que ser regado
Com minhas lágrimas,
No quadro onde devia estar pintada a esperança
Repousa apenas um vazio intenso e desmedido,
Quando me removo do caos pra deitar sob a luz
Mais fundo mergulho em meio ao lodo,
Quanto mais presente se fazia a harmonia
Mais afiada tornava-se a lâmina sobre a qual me equilibrava,
Quanto mais em meio ao desconhecido me alçava
Mais lanças contra mim eram atiradas,
Por que?
Tão grande a punição
Se amar foi meu pecado ...

João Paulo Castro 25/01/2010 ( Tentando voltar a escrever )



sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Poético Amor

Escrevo por que a poesia pulsa em minha alma
E minha alma de amor está completa,
A luz faz em mim extensão do paraíso,
Mas vago no escuro solitário da consciência,

As vozes dos profetas alimentam as chamas,
Que consomem a harmonia das futuras existências,
Respiro meu próprio ódio e tão doce é o pecado
E amargo é o veneno da fúria divina,

Toda dor de sofrimento por alheio provocada,
Desperta suicidamente com um beijo
Minha pobre inspiração e meu instinto romântico,
O sangue da videira embriaga meus sentidos...

Sentimentos puros destilam o medo da face desconhecida
Arrancando os espinhos da carne,
Vivo na poesia e a razão é a insanidade do amor,
Que seja eterno o Poético Amor...


João Paulo Castro

Muito Além ...

São mais que palavras e gestos
É uma dor infinda na alma
A razão da incerteza, a dúvida da pureza
A solidão que ainda é par da saudade

É um nada, além do horizonte
Os gritos que clamam por clemência
Mórbido e sereno, é o caminho da maldade
A morte é o que nos resta, o resto é piedade

A sinceridade, é o que ainda enobrece os fracos
O poder, sem pudor, o medo do temor
O amor se esvaindo, sinto sem sentir rancor
É tudo imcompleto e imperfeito, quando já não sei quem sou

Sofrer é pedir e não ter perdão
Na mais pura forma inconcreta de viver
A obscura essência da angústia e da dor
Onde repousa o mais explêndido e encantador Amor ...


João Paulo Castro

Assim ...

 E tudo é vão, como disperso no ar,
Elevo-me a pureza, decaio no mal impuro,
Inebriado, então perco-me no que procuro,
E já não sinto tanta vida em mim pulsar,

Aterrorizo-me com o nada, fujo de tudo,
Como se tudo fosse muito perigoso,
Assim como o nada faz-me viver sem sentir-me vivo, envolto de luto,
Pelo passamento do que quase existiu e esse sacrifício penoso

De conceber o divino sopro de luz a total inexistência,
A esperança causa dor, fere a alma,
Se no amar perdeu-se o amor e sobra mágoa,
Magoado de doar o que não se tem, dominado pelo que domina, por essa dolência

De respirar tudo que é falso, enganado por não saber
O que é o Amor? Sujo pela falta de fé,
E já não acredito no que é a verdade, por ser e não ser,
Padeço nesse mistério, não me acho em mim, por crer que fora sempre assim...


João Paulo Castro

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Verão

No auge da imponência do astro rei,
Aflora vaidade do íntimo prazer da perfeição de cada ser,
Guerreiros da luz migrarão rumo as praias do éden,
Imergirão em celestes águas, quase límpidas,

Repousarão seus cansaços às margens do horizonte,
Celebrando a liberdade às sombras do martírio,
Caminharão obras da criação divina no compasso da melodia da brisa,
Seres singelamente semelhantes, harmoniosamente diferentes,

Iguais sob o infindo céu, sob a iluminação abrasadora do sol,
No reino da paz, longe dos campos de batalha,
Bebendo suas glórias diluídas em sede de prazer,

Estação dos corpos ardentes e das almas ensolaradas,
Consagração da natureza contemplando num êxtase
Suave e sufocante a aurora majestosa do verão ...

João Paulo Castro

Joao Paulo Castro

Minha foto
Escrevi na porta dos arrependimentos todos os meus pecados.........